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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mãe Natureza







Tomar banho de chuva,
dançar ao som do vento,
deixar que a luz da lua,
clareie meu sentimento.

Acordar com a luz do sol,
fazer do amor, minha estrada,
beber da água do rio
e dormir com a madrugada.

Vestir um manto de relva,
uma flor como botão,
a natureza, meu guia,
minha luz e inspiração.

Conhecer cada montanha,
cada fruto e seu sabor,
pedir que cada estrela guie,
os caminhos do meu amor.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

PÁSSAROS


                                                          Sou como beija flor
         em eterno vôo ao teu redor;
        Anseio pelo sabor o teu beijo,
        bebo o néctar de cada uma de tuas palavras.





                                    
                    Sou coruja, serena e quieta,                          
                    sempre atenta ao teu menor desejo,                                                  
                    pronta pra voar, mesmo no escuro,
                    dentro da noite dos sentimentos.                        



Sou como águia, audaciosa
que se lança em altos vôos;
Quero alcançar o sol do teu amor,
penetrar o céu dos teus segredos.






                  Sou gaivota, rasgando o céu,
                  pronta pra num único mergulho,
                  alcançar e amenizar,
                  o abismo das horas que nos separam.






                                                         Sou pássaro feito de amor
                                                         em busca da liberdade
                                                         de voar sempre ao teu lado,
                                                         pelo céu de uma vida inteira!

domingo, 23 de outubro de 2011

SAUDADE



Passeio pela tua casa,
perscruto os sons da noite,
espero por teu beijo, teu afago
e encontro o nada.

Visito as alamedas
desse teu jardim em dor,
as folhas caem secas,
as flores perdem a cor.

Em tudo escuto teus passos,
em mim busco teus braços,
teus abraços,
quero o amor!

Passeio pela tua casa
buscando te encontrar!
Dia, noite e mais um dia,
não canso de te buscar!

Doces momentos, lembranças,
permanecem suspensos, no ar,
alimentando em mim, a esperança,
de com amor, te curar!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Amor

Para os meus queridos Bruno e Debora, que completam 4 anos de casados, suas Bodas de Flores e Frutos,
com muito carinho e o desejo de eterna felicidade.

Amor...
em pedaços,
fragmentos, olhares,
momentos, lugares,
perfumes, abraços.

Segredo profundo,
alimento e semente,
mensagem presente
na alma do mundo.

Instinto primeiro,
resgata, enternece,
se esgueira e floresce...

Livre,
amadurece...
Inteiro,
permanece.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Retratos, Relatos, Reminiscências



Vendo fotos antigas de Araruama, publicadas na forma de cartão postal, tive a idéia de, a partir delas, reunir lembranças e histórias que pudessem dar vida a esses cenários.
         São recordações que marcaram nossa infância e adolescência, numa época em que se nos ressentíamos de algum conforto oferecido mais tarde pelo progresso, éramos agraciados com vantagens incomparáveis, como a saúde da Lagoa, a tranqüilidade e a paz que só uma pequena cidade pode proporcionar.
         Revisitada a memória, muitas histórias foram tomando forma a partir de conversas, fotografias de família e amigos. Muito mais poderia ter sido contado e penso mesmo que seria um trabalho infinito. Pequenas lembranças vão se juntando a outras, como pequenos retalhos que se unem formando grandes painéis.
           S e de nada servirem, pelo menos poderei aproveitá-los mais tarde, quando a memória não estiver à disposição para aplacar os momentos de saudade.

       
                                   

   Desse cais que ficava em frente à atual rodoviária, saíam e chegavam os barcos, carregados de conchas extraídas da lagoa e sal trazido das salinas de Praia Seca, para o carregamento dos caminhões. Eram muitos homens de bermudas, com a camisa amarrada na cabeça, muito bronzeados pela ação contínua do sol e do sal.
   Esses barcos já faziam parte da paisagem e houve uma época em que um deles se transformou num restaurante flutuante. Era o “Comtic”, que pertencia a Leonardo Comte. Servia uma comida deliciosa, preparada por Leonardo, que era alegre, falante e gesticulava muito, como todos os italianos. Lembro que muitas vezes, levamos caniços, para de dentro do barco, tentar pescar aqueles peixinhos bem pequenos que existiam na lagoa. Era lindo ver o Comtic flutuando iluminado à noite, como um pequeno broche que enfeitava a paisagem.
Meu pai possuía um desses barcos que retirava conchas e uma vez nos levou para fazer o percurso. Acordamos muito cedo e assistimos ao nascer do sol, já de dentro do barco. A lagoa parecia um grande espelho e o silêncio da manhã só era quebrado pelo som do motor e dos pássaros que sobrevoavam a lagoa à procura de peixes.
Num determinado ponto, parado o barco, pudemos ver as conchas, que sugadas em grande quantidade do fundo da lagoa, caíam numa imensa peneira. Junto vinham pequenos peixes, camarões e me lembro que um daqueles homens, que trabalhava no barco, pegava os camarões, retirava as cabeças e os comia ainda vivos. Ficamos todos, horrorizados!
 Na volta fizemos um lanche dentro do barco, paramos para um mergulho e então voltamos pra casa. Foi um dia maravilhoso!
As conchas depois de retiradas da lagoa, seguiam de barco até a fábrica de farinha de ostras que meu pai comprou, em Ponte dos Leites.
Moinho



Moinho




Espalhamento das Conchas
Carregamento da Farinha de Ostras


 Era um grande prédio branco, que penso existir até hoje, onde no quintal, a concha era espalhada para secar, para depois ser levada para um grande moinho motorizado, onde se transformava em farinha de ostras.
O prédio ficava na rua principal de Ponte dos leites, junto à estação do trem e à rua lateral, conhecida como Travessa Lorette, assim denominada numa homenagem o antigo dono da fábrica.
 Uma história muito interessante desse tempo é que Seu Hamilton Mello e Seu Lorette eram muito amigos e possuindo o mesmo tipo de negócio, possuíam empregados que já haviam trabalhado nas duas fábricas. Um desses ex- funcionários, que havia trabalhado por muitos anos com os dois, se tratava de um tipo de matador de aluguel. Seu Hamilton, de brincadeira, perguntou a ele se aceitaria dar cabo de alguém que estava a lhe atrapalhar a vida e os negócios. O dito empregado, disse que há muito não fazia esse tipo de trabalho, mas que para Seu Hamilton, antigo patrão e grande amigo, não poderia recusar o "serviço". Acertaram o preço em duzentos contos.
Por se tratar de brincadeira, quando ele perguntava quem seria a vítima, Seu Hamilton desconversava e dizia que estava ainda estudando o momento propício, quando só então revelaria o nome do “coitado".
O homem, muito precisado do dinheiro, ofereceu a Seu Hamilton um bom desconto, deixando o serviço pela metade do preço, só para servir ao amigo. Então, uns dias depois, procurado insistentemente, pelo sujeito, Seu Hamilton resolveu revelar o nome da futura vítima, sabendo que se tratava de alguém, por quem o "matador", nutria grande respeito e consideração.
- É Lorette! Preciso que você acabe com ele!
- Ah! Seu Hamilton, respondeu ele. Seu Lorette é muito meu amigo e pra matá ele, num faço desconto não sinhô!

Obs:
A foto antiga foi retirada de cartão postal impresso pelo Aspergillus. 



domingo, 16 de outubro de 2011

O Paraíso em mim


Quando iniciamos uma viagem à procura de nós mesmos, de nossa essência, de nossa origem, deparamos com um sentimento que nos serve de bússola, nos encoraja em todos os momentos e nos impulsiona sempre pra frente: a fé.
Como é importante a presença desse sentimento, dessa certeza que conforta, equilibra e acalma nossas dores, doma nossas feras quando se faz necessário e nos renova a esperança a cada dia!
Sempre tive dificuldade de entender a miséria, a fome do corpo e da alma, o preconceito, a violência que tortura, que mata, a escravidão que impede a liberdade, acorrenta os sentimentos, o espírito.
Por que sempre tive uma casa, uma família, uma alimentação na hora certa, conforto, enquanto tantos vivem nas ruas, sem pão, sem teto, sem família, sem trabalho digno, sem oportunidades que lhes melhorem a vida, que sejam mensageiras de esperança?
Por que posso me sentir inundada de vida quando contemplo a imensidão do céu e do mar, enquanto tantos caminham no escuro ou na sombra, do mundo ou de si mesmos?
Por que posso sentir na música o encanto da vida, que me alegra o espírito e faz vibrar meu coração, enquanto outros são impedidos de ouvir os sons do mundo, as vozes do universo, o ritmo compassado de outro coração?
Por que posso expressar meus sentimentos com palavras, posso cantar e contar a vida, enquanto outros são obrigados a calar, a engolir seus sentimentos mudos, amordaçados?
Não consigo imaginar a vida sem novas oportunidades, sem a esperança de um novo dia, sem o sol depois da chuva, sem o perdão e a chance de renascer, reformular e alcançar a paz.
Sempre achei que a "graça" viria com a presença da religião em minha vida, uma doutrina que me guiasse, um ritual que me proporcionasse a ligação com o Divino. Uma fé que me orientasse e que falasse fundo ao meu coração.
Hoje, sinto necessidade de encontrar essa "Presença", dentro de mim, e vejo que o mais importante é que eu esteja comprometida comigo mesma, com minhas mais profundas convicções e que eu seja capaz de atuar diante da vida, seguindo a minha verdade que é a minha fé.
E peço a Deus, todos os dias, que a minha verdade não seja feita somente de palavras ou rituais, mas de atitudes sempre éticas e equilibradas, que sejam sempre o reflexo do que o meu coração me ensina, do que minha consciência acredita e revela.
Desejo alcançar, um dia, esse refúgio dentro de mim, onde habita o Sagrado e seus segredos e que eu possa percorrer em silêncio seus caminhos e buscar nessa fonte de amor, a minha paz, a fim de que eu possa cumprir a missão que acredito me foi confiada, de viver de bem com o mundo e com os seres que me cercam, transcender a dor e as adversidades e buscar a minha maneira de ser feliz.

Dentro de mim, lá no fundo,
existe um lago tranquilo;
Um espelho d'água, um remanso,
onde vou quando preciso.

É um recanto de paz,
feito de relva macia,
onde me pego a sonhar
e desperto com alegria.

E nesse oásis secreto,
nas cores desse jardim,
encontro sempre energia ,
no sol que brilha pra mim.

sábado, 15 de outubro de 2011

SOLIDÃO

Solidão
do corpo, da alma,
da vida vivida em horas, em instantes que se arrastam no relógio do tempo.
Silêncio indefinido, trágico, insinuante, invisível, inexplicável.
Sentimento represado, medo do medo, da dor, do vazio de estar só.
Mergulho profundo, interior, intenso, inspirador.
E quando a vida anoitecer?
Dormirei nos braços da noite.
Haverá estrelas? Haverá lua?
Será negro o céu da minha alma?
Haverá luz em meu coração ou só a penumbra suave de uma doce solidão?
Doce solidão, sem muros que aprisionam. Só a doce sensação dos pensamentos, que soam
como música aos ouvidos e no auge do silêncio, ecoam.
Doce solidão, sem paredes que separam. Só a doce sensação dos próprios sentimentos, que falam
como poesia ao coração e no auge do segredo, se calam.
Doce solidão, sem sombras e sem saudade. Só a doce sensação da vida sem tempo ou idade,
plantando na palma da mão, o dom da felicidade.

ALEGRIA

Todo santo dia, ela era esperada!
Mais cedo ou mais tarde, surgiria na curva do caminho.
Vinda de lugar nenhum ao encontro de nenhum lugar,
sua casa era o mundo, sob o céu sua moradia.

Sobre a relva ela dormia,
em verde e macia almofada,
a sonhar com o novo dia,
novo sonho, mesma estrada.

Fome de companhia
que o tempo só agravava,
de noite esperava o dia,
de dia, a fome aumentava.

E assim, falava sozinha,
ria, gesticulava,
gritava quando convinha
e quando feliz, cantava.

Sua mente não mente o que é,
o que sente é o que a vida dá,
seu sonho não se ressente,
pois seu medo é não sonhar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Pássaro


Pássaro livre que rasga o céu e as brancas nuvens, sobrevôo a Terra, entoando um canto solitário.
Observador silencioso e impassível, o sol me acompanha por toda a viagem, aquecendo e agasalhando minhas horas, iluminando meus caminhos mais escuros, trazendo à luz, minha intimidade mais secreta.
Ora me guio pela rota de outros pássaros, ora permito que o vento me conduza, tocado que sou por sua carícia suave ou por sua força arrebatadora, porém experiente e sábia.
Busco encontrar um habitante silencioso do tempo, que perdido entre tantos caminhos já percorridos, luta por encontrar-se afinal, frente a frente com os rastros deixados por cada um de seus passos, com o reflexo deixado por suas verdadeiras conquistas.
Necessito conhecer seus medos, sua história, seus desejos, sua essência mais pura, para que liberto de todas as amarras, amadurecido pelo confronto da luz com suas sombras e consciente de sua verdadeira capacidade de amar, possa se permitir altos vôos, tendo como grandes aliados a liberdade e a paz, companheiras inseparáveis de todo aquele que se deu a conhecer a força e o poder da eternidade.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Caixinha de Lembranças

Pedacinhos de alegria,
eu passo a vida a juntar
e guardo numa caixinha
pra mais tarde recordar.

Algumas pontinhas de estrelas,
pedacinhos de esperança,
gotinhas de fantasia
da vida, ainda criança.

Amor em pequenas contas,
restinhos de brincadeira,
pedacinhos de arco-íris
do céu de uma vida inteira.

Uma caixinha de sonhos,
fragmentos de saudade,
de quem pretende encontrar,
o caminho da felicidade.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

LIBERDADE!




            Sempre possuí um espírito livre, arrojado demais para o meu tempo.
            Vivi as fantasias da infância entre árvores, pedras e flores, que além de embelezarem os caminhos, interagiam com a minha vida como confidentes, cúmplices ou observadores atentos.
             Muitos irmãos, muita coisa a dividir, principalmente o espaço e o silêncio.
             Muito barulho e correria, muita austeridade, muito rigor e disciplina, necessários até para que a vida pudesse correr tranqüila.
             Ainda bem que os sonhos, os pensamentos, os sentimentos, ninguém pode conhecer ou controlar sem nosso consentimento.
             Imaginação, nunca me faltou e ao correr e brincar pelos campos, quase sempre sozinha, percorri por caminhos misteriosos e fabulosos, que só a mim era dado conhecer. Só eu conhecia as palavras secretas que abriam as portas desse mundo de sonhos.
             Princesa, ninfa, bailarina, sereia, fada capaz de transformar o mundo em castelo de sonhos dourados e jardins secretos.
             Olhar o céu à noite, tentar contar as estrelas, esperar que elas pudessem me contar seus segredos que falam de mundos distantes, de seres de luz que ali habitam e são capazes de inspirar nossos sentimentos, nossos propósitos, nossos poemas.
             Uma vida solitária, apesar de tantos à minha volta. Sem querer parecer melhor que os outros, não conseguia também me afinar com eles.
            Não conseguem ver além do próprio nariz, não se perguntam o que poderá existir além das montanhas, além do mar, além da Terra que conhecemos e vivemos.
            Parecem me achar diferente e, na maioria das vezes, não me perdoam por isso.
            Tenho o nariz empinado, como dizem. Nasci para ser rainha, sou mandona ou tenho o rei na barriga. Talvez isso seja verdade, afinal me sinto sempre como se estivesse fora do meu lugar, do meu ambiente natural.
            Falo tudo o que penso e isso parece chocar as pessoas. Não é educado para uma senhorita ou para uma dama. Será que isso me importa?
            Nos meus sonhos me sinto embalada pelo vento, pela música suave que se derrama do céu e sou levada, como uma pequena semente de luz, ao encontro de um paraíso distante, onde os dias e as noites me inebriam de amor e apaziguam meu coração.
            O anjo, que sempre me acompanha, me fala direto à alma, dá conselhos e me desperta o desejo de crescer e alcançar o céu em mim.
            Quero conhecer o amor, amar e ser amada. Conhecer outras pessoas, que como eu, anseiem por encontrar o seu lugar no mundo e no coração de Deus.
            Sou linda, é o que dizem, mas isso pouco me importa. Quero é poder sempre me mostrar sem disfarces, sem requintes e sem meias palavras. Sei que isso sempre dificulta um pouco as coisas, mas prefiro pagar o preço.
            E os dias se arrastam lentamente, sem se importar com a pressa que tenho de viver, intensamente, o que me cabe.
            E no silêncio que teima em visitar minhas horas solitárias, espero ouvir, ao longe, o som de um galope que me leve pelos caminhos do amor.
            E o príncipe encantado, finalmente me arrebata em seu cavalo branco. Lindo como um artista, educado e cortês como um verdadeiro nobre, me leva a conhecer um outro mundo, novas possibilidades, novos horizontes a desbravar. Tudo é encorajador e a vida se abre em cores e perfumes.
            A vida segue e me toma como avalanche de surpresas, novas descobertas que ampliam a minha visão do mundo e o que posso esperar dele.
            Porém, perdas e sofrimentos também fazem parte e reagimos de maneiras diferentes às adversidades. Muitas lágrimas embaçam os olhos e também os sentimentos.
            A maneira de ver o mundo, nunca mais será a mesma. E a transformação que a dor impõe a cada um de nós, impiedosamente, nunca se dá na mesma direção.
O castelo desmorona, o príncipe vira sapo e a princesa se vê prisioneira em sua própria torre de ressentimentos que teimam em inundar de mágoas, os nós do coração.
            E então, é escolher, entre a morte do amor e a morte de mim mesma. Já sou sonâmbula a espantar meus sonhos, alma solitária a perambular os caminhos do desejo que tento, em vão, ressuscitar em mim.
            Já não sei quem sou, o que procuro, o que espero do outro.
            Meu coração, vazio de tudo, vai se deixando penetrar pelo medo da vida, do outro dia que não tarda a chegar, medo da morte do amor, da alegria e da esperança que sempre habitaram em mim.
            Mas, parece que não é um sentimento inventado por mim, ou se é, vai contagiando à sua volta.
O príncipe abandona o castelo em ruínas, levando sua parte da história, sua parte da dor,
seus gestos, sua voz, seus sonhos desfeitos nesse amor.
            E me sinto novamente, alma solitária, com uma nova vida para inventar.
            Só que agora, tenho raízes mais fortes, gerei frutos que apesar de fazerem parte de mim, são já capazes de alinhavar seus próprios destinos.
            Um novo caminho me espera, e o novo nunca arrefeceu em mim, o desejo de desbravá-lo, fincar bandeiras e assim reconhecer meus limites.
            Cada vez me sinto mais intrusa nesse mundo que me cabe. Ele parece sempre pequeno para o tamanho da minha alma, mas nem por isso permito que suas tramas me acorrentem, que suas sombras me enfraqueçam, que suas garras me amordacem ou asfixiem.
            Sou habitante temporária desse mundo e pretendo me despedir dele, dignamente, para que eu possa vislumbrar, quem sabe, um dia, o horizonte do amor que me preenche e ansiosamente espero reencontrar.
            E então, estarei entre os meus, seres que compartilham comigo os mesmos anseios de conhecimento e caminham juntos em direção à mesma luz, que é eterna e brilha por nós, na imensidão.


 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ah, a Lagoa!

Voltei a caminhar na Pontinha,ontem! Há quanto tempo não ia para aqueles lados! 
Estão fazendo algumas obras na orla e, por enquanto está meio confuso caminhar por lá, mas imagino que
vá ficar bonito. A natureza sozinha já entra com 90%, pois precisa de cuidados e manutenção, é claro.
Muitas gaivotas e garças, o sol se pondo de modo deslumbrante sobre os barquinhos. Faz-me lembrar os tempos de infância!
Ah! A lagoa, a praia! Como eram deliciosos nossos dias de verão!
Na praia encontrávamos água limpinha que nos mostrava as conchinhas do fundo, peixinhos a nos mordiscar as pernas, castelos de areia, pegar com as mãos a espuma que as ondas deixavam na beira, como se fosse possível guardar.
Ver as pessoas que passavam a lama preta que teria propriedades terapêuticas, pelo corpo todo. Só deixavam de fora os olhos e a boca. Nunca tive coragem de passar no meu corpo, pois tinha a impressão de que poderia grudar, sem que eu conseguisse, nunca mais retirá-la.
Bóia nova de pato ou de cavalinho, prancha de isopor, aprender a boiar, a mergulhar sem tapar o nariz, dar cambalhotas debaixo d’água, organizar campeonatos de natação que sempre terminavam em discussões intermináveis.
Fechando os olhos, ainda posso ver meninos pulando de grandes pneus que sempre imitei só em sonhos, posso ouvir o burburinho da praia, muitas pessoas falando, crianças gritando, o barulho de muitos mergulhos e o cheiro característico da água, do iodo, dos óleos de bronzear e do creme hidratante de minha mãe.
Hoje, quando admiro a beleza da lagoa, custo a aceitar que tudo ficou perdido no tempo, que as crianças não podem aproveitá-la, como nós. Impossível crer que de acordo com as previsões mais pessimistas, ela possa se dividir em 11 ou 13 pequenos lagos que mais tarde se transformarão em brejos.
Espero que ainda haja tempo e disposição social e política para tentar reverter essa situação lastimável.
Moro no bairro do Areal e quando passo à tardinha pela orla, é gostoso ver os pescadores de volta com seus barquinhos, a espuma atravessando a estrada levada pela força do vento, como pequenos flocos de neve que brotam da areia e algumas poucas crianças se aventurando em mergulhos e brincadeiras
Acredito que a lagoa, como parte integrante e importantíssima do nosso patrimônio e da história de cada um de nós que aqui vivemos, merece que busquemos respostas e soluções para sua cura definitiva.

domingo, 9 de outubro de 2011

Encontro

Essência,
Vida,
Ondas que chegam e recuam,
Inundam... surpreendem.

Mulher,
Interior,
Marés altas e baixas,
Natureza mística... dual.

Sonhos,
Mistério,
Noite de vento no mar,
Caminhos e segredos... da vida.

Alma,
Feminina,
Tocada pela grandeza,
Plena... de amor.

Amor,
Encontro,
Mergulho no interior de outra alma,
Correntes... profundas.

Eu,
Você,
Simetria perfeita,
Um só coração,
Imenso... vasto... oceânico.

sábado, 8 de outubro de 2011

Os Cinco Elementos


MADEIRA, vento, manhã,
começo da criação,
semente que brota da terra
e o céu e sua direção.

Flores, frutos que chegam,
FOGO, calor do verão,
alegria vermelha e quente
que reina no coração.

Mãe TERRA que canta, encanta,
base, sustento, chão,
no doce sabor da tarde,
dos lábios nasce a canção.

METAL, eterna colheita,
outono que chega, então,
anoitecer nas montanhas,
serena contemplação.

Energia vital: é ÁGUA
que escorre na palma da mão,
fluir dos caminhos, da vida,
encontro e renovação.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Vida

Da janela onde eu estou
vejo a vida passar,
colorida ou preto e branca,
depende de como eu olhar.

Tudo é tão arrumadinho,
tudo em seu tempo e lugar,
não adianta ter pressa,
basta aprender a esperar.

E, apesar do que pensamos,
a vida tem sempre razão,
o importante é sempre crer
que pra tudo ela tem solução.

Para os que temem a noite,
o sol logo se irradia,
e quem sente a dor do amor,
se consola com a poesia.

Quem tem saudade do amigo,
encontra o abraço do irmão,
quem preso está à covardia,
tem no amor sua absolvição.

Para o que sofre a traição,
o perdão é doce presença,
quem sente a dor de grande perda,
tem na fé sua recompensa.

E a vida é movimentada,
com gente a partir e a chegar,
cada um com sua verdade,
sua bagagem pra carregar.

Tem gente que vem de longe,
trazendo a mala na mão,
toda cheia de esperança,
de achar paz no coração.

Outros chegam tão sofridos,
buscando aqui encontrar,
uma alegria, um consolo,
um amigo pra conversar.

Alguns estão de partida,
trazem a dor no rosto triste,
pois pensam que tudo acabou,
que só esta vida existe.

O que importa é que a vida,
não pode nunca parar,
deve seguir sempre um ritmo,
tudo em seu tempo e lugar.

E, apesar do que pensamos,
a vida tem sempre razão,
o importante é sempre crer,
que pra tudo ela tem solução.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Mar em Mim

Mar de sentimentos, solidão,
ondas revoltas que reclamam soluções,
vento inquieto que se embala em mil desejos,
espalhando ao redor, as emoções.

Ave branca que se lança pelo céu,
em vôos altos que buscam alcançar,
respostas e alimento para a alma,
para enfim poder descer e repousar.

Mas o vento assobiando uma canção,
traz lembranças e saudade e nostalgia,
traz o som que embala e solta o coração,
lançando à luz o que o mais íntimo escondia.

E o sol aquece a alma, o coração,
em seu calor que traz a febre e os delírios;
todo o ser arde em sonhos e promessas,
expurgando suas dores e martírios.

A noite vem,
o mar se envolve em calmaria
e a ave pousa
e espera a luz de um novo dia.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nosso Amor

Teu olhar, doce presença,
repouso para sonhar;

Tua voz, música em mim,
vida a me sussurrar;

Teu amor, meu alimento,
seiva ardente a se derramar;

Teu abraço, meu abrigo,
momento de me encontrar;

Teu corpo é minha casa,
meu refúgio para amar;

Tua vida respira em mim,
como é teu meu respirar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Caminhos do Coração

Vagando em versos pelas ruas do meu peito,
em noite clara de luar, das emoções,
sinto pulsar o coração em seu compasso
que marca o ritmo em doces vibrações.

Sinto a presença desse amigo a cada passo,
em espaço quieto de silêncio e solidão,
ouço sua voz que dá palpites, conta histórias,
de tempos idos que escuto com atenção.

Todas as ruas são desertas, solitárias
e em cada esquina sinto forte a sensação,
de que a vida só não é viagem calma,
quando se cruza com a dor na contra-mão.

Doces momentos que iluminam qual estrelas,
o céu brilhante do meu peito enluarado
e eu me transporto por suas ruas e avenidas,
alegre, livre e pelo amor apaixonado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Missão

( Para minha querida Debora)

Todos têm uma missão
nesse mundo a realizar;
Qual seria ela então?
Todos vivem a se perguntar!

Seria viver para o bem
e por ele viver e lutar?
Ou seria amar alguém
e por ele viver e conquistar?...

Talvez fosse seguir cantando,
sofrendo sem reclamar,
parando de quando em quando
pra ouvir a vida e pensar?...

Falar, sem com isso impor,
ajudar com humildade;
trabalhar, se preciso for,
em nome da caridade?...

Ouvir tudo sem julgar,
calar quando necessário,
ajudar a todos, sem distinção,
dar a mão ao adversário?...

Oferecer sempre o ombro amigo
aos que encontraram a pouca sorte,
encontrar-se em paz consigo,
sem temor da própria morte?...

Para descobrir a verdade,
é difícil, não discuto,
muitos levam uma eternidade,
outros apenas um minuto.

Porém, o mais importante,
é ouvir o coração,
pois ele é o comandante,
é quem dá vida à missão.

É quem marca, passo a passo,
essa viagem no tempo,
determinando o compasso
na força do sentimento.

A vida nossa de cada dia

Vida...
Às vezes fico pensando que sentido pode ter esta vida. Aprendizado, experiência, maturidade, morte. Com que objetivos?
Encontrar a melhor maneira de "ser" e buscar a paz e a felicidade?
A felicidade, porém, nunca terá o mesmo significado para pessoas diferentes.
Para alguns será talvez, escalar altas montanhas ou a aventura de se lançar do céu a grandes alturas e por alguns minutos se sentir livre.
Outros poderão preferir um amor e uma casinha branca ou apenas a sensação do dever cumprido diante do trabalho, da família, da sociedade.
Penso que aprendemos todos os dias a "existir".
Diante do sol que nasce e se põe a cada dia, somos colocados à prova, levados a escolher entre dois ou mais caminhos que sempre gerarão consequências, não só para nós mesmos, como para aqueles que nos cercam, dependam ou não de nós.
Conforme passa o tempo e nos confundimos com a massa da vida, ficamos entorpecidos e somos levados adiante pelas horas, pelas alegrias e tristezas, pelas circunstâncias.
Vemos a multidão passando diante de nós e temos a impressão de que andam de um lado para o outro, sem um sentido comum. Mas, se pensamos que cada uma dessas pessoas leva na alma, as mesmas perguntas, as mesmas inquietações e preocupações que nós, então o que seria a vida, senão um amontoado de corações e mentes, em constante procura de significado e satisfação?
Lutar pela existência, sempre procurando um caminho de crescimento e libertação.
Respirar, sonhar, suspirar, sobreviver.
Será que encontraremos as respostas que tanto procuramos ou elas deixarão de ter importância, num determinado momento, diante da simples constatação de estarmos "vivos"?
Talvez o amadurecimento nos traga a sensação de plenitude que sacia a alma e isso nos torne mais tranquilos, menos preocupados com os porquês.
Viver, simplesmente, mas com intensidade, cada momento, cada sentimento, cada acontecimento e sempre com imensa gratidão pela oportunidade.
Contentar-se com o sol que ilumina as horas e aquece o corpo e o coração.
Com a lua que nos encanta as noites e nos inspira o sonho, o amor.
Com a chuva que molhando a terra, permite que o futuro possa germinar e florescer.
Enfim, manter aberto o espírito e o coração e descobrir que a verdadeira felicidade nasce na alma, que abrindo suas portas ao mundo, amorosa se entrega ao fluxo da vida.

domingo, 2 de outubro de 2011

Quem somos nós?

O que somos nesse momento? O que buscamos e esperamos de nós? Como sentimos a vida e o que representamos para aqueles que amamos e que nos amam?
Somos reflexos no espelho do nosso tempo, imagem da história do mundo que transpira em nós.
Sentimos a vida como música que alimenta a alma, faz vibrar o espírito, nos desperta em cada célula o desejo de existir num ritmo próprio, seguindo a cadência dos momentos que nos preenchem e nos inspiram.
Sentimos a vida como o mar, inquieto na superfície, gerando ondas de sentimentos que ora entornam na praia, ora retornam ao mais profundo de nós. Sempre estaremos em busca de um horizonte longínquo, que esperamos seja o nosso porto de paz, ou nossa saída para o desconhecido, o sonhado.
Sentimos a vida como o vento que movimenta nosso corpo, embala nossas esperanças, traz os perfumes de longe e nos desvenda em sussurros, alguns segredos do mundo que ansiosos buscamos conhecer e decifrar.
Sentimos a vida como flores que buscando sempre a luz, encontram o sentido de viver uma existência breve e sentem na experiência de murchar um pouco a cada dia, a possibilidade de frutificar e gerar sementes de futuro.
Somos caminho e conquistas. Soma de todos os medos, de todas as horas, de todas as formas de existir.
Somos sede de respostas e milagres. Fonte de amor que se renova e espera sempre mais.
Somos o agora, lembramos o ontem, esperamos o amanhã.
Mensageiros de nossa própria verdade, buscando sempre em um novo dia, uma nova oportunidade de realizar o sonho e sustentar a vida.
Somos portanto, resultado do instante, do sol, da chuva, do que brota e do que perece, do que passa e do que permanece em nós, para partilharmos no tempo, eternamente.

sábado, 1 de outubro de 2011

Milagre da Vida

Sou a esperança que brota
após chuva passageira,
sou o movimento do mar,
das ondas beijando a areia.

Sou o caminho do sol
que esconde o vento de tarde,
sou o amor quando chega
e te toma inteiro, te invade.

Sou a procura do sonho,
sou o encontro com a verdade;
sou o que busca em si mesmo,
o encontro com a liberdade.

Sou perguntas e respostas,
sou um ponto na amplidão;
sou o milagre da vida
pulsando no coração.